quarta-feira, 27 de maio de 2009

Parte III - Final

Muitos artistas já mencionaram, e relacionaram suas obras com as palavras experimentar e reconhecer, o que atribui a elas uma importância reflexiva ainda maior e que devemos levar em conta no nosso dia-a-dia. Amarante, por exemplo, ex cantor e guitarrista da banda Los Hermanos, escreveu uma música com um conceito muito próximo ao desse texto:

Primeiro Andar -Los Hermanos

Já vou, será/eu quero ver/o mundo eu sei/ não é esse lá/ por onde andar/ eu começo por onde a estrada vai/ e não culpo a cidade, o pai/ vou lá, andar e o que eu vou ver/ eu sei lá/ não faz disso esse drama essa dor/ é que a sorte é preciso tirar pra ter/ perigo é eu me esconder em você/ e quando eu vou voltar, quem vai saber/ se alguém numa curva me convidar/ eu vou lá/ que andar é reconhecer/ olhar/ eu preciso andar/ um caminho só/ vou buscar alguém/que eu não sei quem sou/ Eu escrevo e te conto o que eu vi/ e me mostro de lá pra você/ guarde um sonho bom pra mim/ eu preciso andar/ um caminho só/ vou buscar alguém/ que eu não sei quem sou.


Clint Eastwood, ator e diretor de cinema, lançou recentemente um filme que conta a vida de um homem que acaba de perder sua esposa, tem uma relação difícil com a família e demonstra de maneira escancarada seu desprezo por outras culturas, principalmente pelos seus vizinhos chineses. Porém, depois da morte de sua esposa ele passa a conviver com a família que mora ao seu lado, o que muda seus conceitos. O filme “Gran Torino”, apesar de conter algumas cenas que são um pouco forçadas, é muito interessante devido à maneira como Clint desenvolve a história e a forma como o complementa se utilizando do humor negro e do sarcasmo em momentos tão delicados.

TRAILER DO FILME




O filme “O último rei da Escócia” trata-se do governo de Idi Amin, um ditador de Uganda que dizimou milhares de ugandenses, tornando a época em questão uma das mais trágicas do país. Um médico escocês, que vai para lá com a intenção de ajudar o povo com suas habilidades médicas, mais tarde se torna médico particular e confidente do governante ugandense. Em uma das cenas do filme – não descreverei detalhadamente para não comprometer quem ainda não assistiu – Amin diz uma frase para o médico, a qual aliada ao movimento de câmera, a atuação dos atores e a tensão que se criou com o desenrolar da história, se torna marcante: “Você veio para a África brincar de homem branco. Mas nós não somos um jogo. Somos reais. Essa sala é real. E quando você morrer, será a primeira coisa real que lhe acontecerá”. O filme é interessante por misturar os conceitos de experiência, reconhecimento e cultura.

TRAILER DO FILME




Um autor, que ainda pode ser inserido nesse contexto é José Saramago e seu livro “Ensaio sobre a Cegueira”. O tema discutido no livro é a respeito da moral humana. Através de uma série de simbologias, o autor constrói toda uma crítica ao referido tema. O principal símbolo, a “cegueira branca”, o qual assola os personagens do livro, remete à incapacidade, à impotência, ao desprezo e ao abandono da racionalidade, fazendo com que eles passem a agir instintivamente. Portanto, isto está relacionado com a nossa realidade, de forma que a humanidade é tão egocêntrica e vaidosa, que passamos a ver somente aquilo que nos interessa, nos é acessível e nos basta. Não importa se há mais do que nos cerca, tudo é indiferente. Mesmo o que é parte de nosso “eu” pode não ser visto. Nós que estamos cegos, não conhecemos ou então não queremos deixar transparecer nossa verdadeira personalidade e essência. As pessoas querem tudo que beneficie a elas, tudo tem de vir pronto de forma que lhe agrade.

Concluindo: aprenda, experimente, reconheça e enfim, internacionalize-se!

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